Acreditamos que o cinema é uma ferramenta de transformação social!

RECOMENDAMOS


O estado de falsidade do ser humano é algo fascinante. Vem de uma necessidade de adaptação quase biológica, de comportamentos sociais arraigados, influenciados em menor ou maior quantidade pela mídia, política, “instinto de sobrevivência” ou até mesmo impulsos sexuais. Freud explica? Talvez seja da natureza da contemporaneidade a paixão pela imagem e pelo superficial; seja da perfeição da “linda vizinha” ao “amigo leal”, conceitos criados pelo Homem que nos conduzem no dia a dia e nos dizem que o importante são as relações cultivadas, por mais falsas que sejam. Para mim, Estamira, de Marcos Prado, é sobre isso. Estamira é enxergada e tratada - não só moralmente, mas fisicamente - como louca. Marcos Prado vai nos mostrar que a loucura é assim como tudo, um ponto de vista, no caso dela, um ponto de vista comum entre várias pessoas e que eu, concordando com o dele, discordo.

Estamira é uma mulher que trabalha (e trata isso com orgulho) em um lixão. É antes de tudo alguém que já sofreu diversos abusos e possui um olhar peculiar sobre a vida. Ela se irrita quando o assunto é Deus e se diz sábia, mostrando uma postura que pode ser facilmente confundida com arrogância. Não é. Estamira é um “lugar”, uma idéia, um estado de espírito onde o ser humano pode ser mais autêntico. É alheia ao mundo (o mundo dito “são”) e assim tenta estudá-lo, e por mais que o olhar fechado de fora tente trazê-la para o “real” (é preciso dar remédio a quem “sai da linha”?), o lado inconsciente continua martelando quase como um demônio trazendo de volta discursos embolados que fazem todo sentido. É a manifestação de um interior furioso nascido de um passado infeliz e sofrido, que somado a uma boa dose de “determinismo”, transforma Estamira na figura que é.

O lixão é a representação irônica e trágica da própria condição do homem. Para um olhar raso, é meramente uma imagem de contexto social de pobreza, mas para o grão do super-8 de Marcos Prado, é o lugar onde talvez se encontre a sua própria essência. A idéia de sobrevivência de Estamira nos lembra do quanto nos apegamos ao desnecessário, e como a sensação de prazer trazida por este nos tornou quase escravos do imediato. É a paixão pela imagem já dita antes, que nos torna um bando de desconhecidos buscando impressões sedutoras e fantásticas. Será preciso perdermos tudo (materialmente falando) para poder nos encontrarmos?

Estamira tem 3 filhas e um filho, todos bem criados e que guardam imenso amor por ela, apesar de alguns deles (especialmente o filho) divergir de opinião e enxergá-la com um olhar moldado por forte religiosidade, um ponto de vista claramente antagônico ao da mãe. Para ele, assim como para muitos brasileiros, a religião e a figura de Deus são conceitos intocáveis, tornando a visão “radical” de Estamira inaceitável. Fica claro que ele a enxerga como louca, apesar de o amor de filho ainda se mostrar presente. Estamira é como um desconforto, aquela pessoa que talvez o filho não quer as pessoas vejam, principalmente nos seus acessos de raiva. Ainda assim, é interessante ver como as filhas (duas delas criadas longe de Estamira) conseguem enxergar a beleza dentro desse dragão furioso, um sentimento que pode vir a ser uma saudade ou um olhar do jovem de cabeça aberta, interessado em escutar um pouco.

Estamira quer ser ouvida, algo que ela provavelmente não foi durante a vida toda. É um acúmulo de frustrações que trazem à tona pensamentos tão honestos e nervosos que para o ouvido desatento soa apenas como delírio. É outra coisa que o filme nos lembra: precisamos escutar mais. E Estamira vai repetir as suas idéias e neologismos até conseguir ser tratada com o respeito que merece, sem a definição pré-conceituosa de louca, velha e pobre. A voz de Estamira é uma resposta à negligência social que cometemos dia-a-dia: sabemos dessa crua realidade pois vemos todos os dias no jornal, mas é muito mais confortável pensar no churrasco de domingo, na promoção, no emprego e no novo celular . É o lixo que vira descuido.

Visualmente, Estamira é uma encenação real do apocalipse. É o sol que se mistura com o fogo, com o grão, com o lixo, resto e descuido. É um filme pintado pela natureza, no caso, a humana. É uma arte do descartado, e os outros trabalhadores do lixão fazem parte desse cenário ativo e invasor, que preferimos esquecer. O plano final do filme é um daqueles momentos em que a natureza conspira a favor do cinema, não só encerrando a orquestra do Fim, como ilustrando ali mesmo tudo que foi dito e que está preso na cabeça de Estamira, esta simples humana com algo a dizer.
Sitio oficial: http://www.estamira.com.br/

Fonte: http://www.cinemaemcena.com.br/estamira/blog.asp



Nascidos em Bordéis


Quando eu estou com uma câmera nas minhas mãos eu me sinto feliz. Eu sinto que estou aprendendo algo... Que eu posso ser alguém". - Suchitra, uma das crianças que aparecem no documentário Nascidos em Bordéis (Born into Brothels).

RECOMENDAMOS
De tempos em tempos aparecem filmes e documentários que nos tocam de maneira especial. Nunca vi um documentário tão poderoso e comovente como o Nascidos em Bordéis.
A fotógrafa de formação americana Zana Briski estava na Indía fotografando as prostitutas e as suas condições de trabalho. Ela logo fez amizade com as crianças do local e reparou que havia uma história para ser contada por trás de cada uma dessas crianças. Assim nasce essa belíssima obra de arte do cinema-documentário.
O documentário acompanha um grupo de crianças nascidas e criadas na Zona da Luz Vermelha de Calcutá - Indía. Essas crianças são tratadas como lixo. Filhas de prostitutas e quase sempre sem uma figura paterna elas crescem largadas pelos guetos da zona vermelha. Tudo conspira para que essas crianças tenham uma droga de futuro. As meninas provavelmente também entrarão para a prostituição e os garotos terão de continuar a trabalhar em subempregos pelo resto de suas vidas.
A idéia do documentário é simples. A Srta. Briski presenteia cada criança com uma câmera fotográfica bem básica. A fotografa também ensina essas crianças a fotografar, ensinando a elas como melhor usar os equipamentos. Zana dá as crianças muito mais do que um aparelho fotográfico, elas ganham voz e esperança por meio das câmeras. E somos levados a enxergar o mundo pelos seus olhos e partilhar da suas vidas. Entre as aulas e saídas fotográficas, Zana também tenta arrumar um meio de melhorar as condições de vida dessas crianças. Aqui percebemos que a relação da fotografa com as crianças vai muito além do âmbito do filme. Não há espaço para o engajamento de mentirinha visto nos filmes de Michael Moore, por exemplo. Ela realmente age movida por um sentimento de compaixão para com as crianças.
Existe um ditado que diz que fotografia se faz com o peito e não com uma câmera, e essas crianças são prova disso. As fotografias são belíssimas, por ora dilacerantes de tão tristes e por vezes carregadas daquele otimismo que só crianças sabem ter. Além disso, o documentário é um primor em termos de edição, fotografia e de direção.

A Grande Moeda!


O documentário que está sendo produzido pelos documentaristas, Claudio Galvão e Mariel Santana, vai mostrar o cotidiano dos voluntários da Pastoral da Criança na região de Jequié, sudoeste da Bahia. A idéia é fazer uma reflexão entre o trabalho voluntário dos agentes da Pastoral da criança e o consumismo de hoje.
Quanto custa um celular? Quanto custa 1K de carne? E uma geladeira? E uma vida humna? Quanto custa a Solidariedade? Esperamos que o nosso documentário contribua para uma profunda reflexão de descoberta da grande moeda chamada SOLIDARIEDAE!
O documentário contará também com a participação da Dra. Zilda Arns fundadora da Pastoral da Criança. O filme encontra-se em processo de filmagem e edição. (mais sobre a Pastoral da criança em: http://www.pastoraldacrianca.org.br/ ).

“Cinema contra o tráfico”


Acreditamos que o cinema é uma importante ferramenta de transformação social. E na verdade é. Quando surge um filme brasileiro com estas características ficamos muito felizes! Por isto recomendamos o excelente filme nacional “Meu nome não e Johnny.”


Clique no link abaixo e conheça o sitio oficial desta importante obra cinematográfica. Que acreditamos ser uma importante ferramenta pedagógica e mais um alerta de combate ao tráfico de drogas.